quinta-feira, 23 de abril de 2020

Conversa com Drummond

E agora, Drummond?
A poesia secou,
a esperança também.
Minas não há.
Nem mesmo Copacabana.
Sobrou a pedra.
Aquele verso em que você
se transformou.
O detalhe amanhece
um sonho esquecido.
Você mesmo o esqueceu.
A orla passeia pelos olhos,
lenta e preguiçosa.
Mas você permanece inerte,
esperando que aquela flor,
tão tímida, feia,
possa brotar no asfalto quente.
O tempo te observa, poeta.
E diante da rigidez do semblante frio,
espero, em vão, algo que
me conforte,
Um poema singelo,
daqueles que movem um destino
por inteiro.
A vida secou,
o mundo sem disfarces também.
E agora, Drummond?
O que nos resta?
Apenas a distante memória,
renascida em pedaços
de infinitos.

( agosto 2018)



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Dizem da poesia revolução. Pois ela se encontra à vista daqueles que acreditam na palavra como instrumento de mudança.