a vida caberia num arquivo.
Tal amargo o acolhe seco.
Dentre as profundezas de sua arte,
procura poesia.
O que encontra são ordens de papelada,
ofício afins,
prendas de papel e máquinas
que adornam uma redoma.
O poeta se aflige.
Sabe que rumina em seus ouvidos
a parede de escritório esperando
seu precioso burocrata.
Mares velados,
cinzas extremos,
loucuras vazias...
Nada, nada parece substituir
o bom dia melancólico
da rotina.
O poeta saboreia seu café
na ingrata esperança que ainda
resta,
mas não corteja poesia...
Trocaria aquele café por um chá longo,
incondicional,
daquele verso que anda
desconfortavelmente perdido
pelo marasmo de sua agonia.
(fevereiro 2015)