segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Descobrir-se

Diante do espelho,
desvendamos estrelas
de um mundo só nosso.
Rasgamos o passado de
infância e esconderijos:
a realidade nos aguarda.
Sentimos que mais nada
será como antes,
nosso sorriso não caberia
numa lágrima.
O tempo inunda
sonhos que guardarão
juventudes.
E assim, restarão saudades...
Carregamos nos braços
uma esperança indomável.
A liberdade acena silenciosa,
repleta de canções que ainda
não floresceram.
Emolduram-se destinos.
Arquitetam-se delírios.
Um amanhecer conta os dias
para recomeçar,
pois a vida encaminha-se,
deliciosamente inquieta,
pela ternura de nossos olhos.

(dezembro 2014)

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Esclerofobia

Nada me passa pelo esôfago.
As ruas póstumas causam fadiga. 
A glória dos homens ordenha-se 
de latifúndio barato .
Percebo assim o desfrute milagreiro
da vida,
o delírio mais impetuoso já vestido
pela mentira.
Da carniça produz-se o eterno,
enquanto homens debruçados em 
agonia bendizem resíduos de 
si mesmos.
Aquieto algum coração meu.
Durmo diante de um surto mal-curado,
não consigo enxergá-lo.
Diante de mim, embrulho pacotes 
inacabados de esperança.
Pareço contê-los.
Despejo toda loucura colhida entre
fábulas e castigos,
Pois é dela que se remonta 
o divino espetáculo humano.
Nada me passa... 
 (agosto 2014)

sexta-feira, 21 de março de 2014

Aquela manhã

Chegaremos impunes àquela manhã.
Onde o cheiro da carne ainda sobrevive.
Quando o sabor daquele pátio ainda corrói.
Vielas clamam pelo socorro das almas.
Nós apenas somos detalhes intrigantes
dentro de nossa própria pequenez.
Chegaremos libertos àquele tempo.
Onde canções serão veladas em breve.
Quando um sopro estenderá um murmúrio
de melodias náufragas e desertas.
A principal testemunha é o medo.
Tênue exemplo de esconderijo frágil.
Jantaremos nosso medo como pecado.
Beberemos nosso prêmio como angústia,
para que a vida se aquiete imponente
na melancolia daquela manhã.



(março 2014)



Da janela

O que me resta é uma brisa condecorada,
aprisionada diante de uma janela vazia.
Entre elas, lábios sisudos desenham-se feito
destino.
E de nuvens ansiosas, vejo o barulhar de sonhos
desfazendo-se ao cansar do dia.
Da vida, erguem-se os destroços sutis
dos amores.
E lentamente, a visão disfarçada da noite
assombra a revolta.
Devo arrancar de estrelas, o brilho soturno
colhido pelo delírio.
Um tumulto de escolhas pairam na lágrima
indigesta.
Aquela ternura escrita por cinzas padece
em sentimento senil.
Pois da janela, vejo pálpebras de minha
tolerância adormecida,
levemente atormentada.

(março 2014)


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Lençóis

O mar, entre lençóis de aço, murmura ventos.
Abraçadas a verdades, tempestades cinzas de silêncios.
Calmamente, desfiro minhas mãos entre paisagens indelicadas,
e suspiro enigmas.
Certifico-me de que todas aquelas vontades roubadas
estarão devidamente expostas.
Não vejo adiante o descontentamento de absurdos.
Comigo, carrego a exaustão de minhas esperanças,
incrédulas como sombras escondidas.
E me traduzo asas.
Quero a convicção delicada dos extremos,
para que eu possa decantar cada delírio como
um espetáculo reinventado.
Pois assim, seguem angústias.
Como se pudesse enxergar meu grito,
escondo um verso em meus olhos.
Carrego melodias em algum canto da boca
e murmuro vazios entre lençóis de asfalto.

(janeiro 2014)



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