sexta-feira, 31 de julho de 2009

Poema reflexivo

Por vezes sou fera.
Por outras sou víscera.
Escombro em meus versos,
meu calo: silêncio!
Artesão do imaginar,
do pensamento,
poeta e poema
em eclipse íntimo
tão absurdamente lírico
tão calorosamente lúdico
tão delirantemente lúcido.
Eu me resto nas letras
que cortejam o verbo.
Um verbo na loucura plena,
travando a alma
no desafiante e vão
sentimento.
É a arte de ser a fera.
É a face de ser a víscera.
Enquanto poeta sou vida.
Enquanto poema sou tempo.

(fevereiro 2007)

sábado, 6 de junho de 2009

Pião poema

a Rayssa Galvão

Um pião
(invariável flor
interminável sol)
desenha órbita exibindo mundo
roda cancioneira colhe firmes versos
alma tecendo vento, um grito
gira saia teimando terra e vida
sorri estrelas.

Um pião
(insustentável mar
imprevisível céu)
deleita traçado mítico seus olhos
sonha chão riscado, marejar de areia
silêncio devorado enreda infinitos
agarra cabelos negros em poesia
vertigem de azuis.

(junho 2009)

O contrabismo

"Pois então abram bem os seus ouvidos
-O mundo somos eu."
João Pedro Fagerlande

Entre as finas cinzas restadas
de meu abismo, fiz-me renovo.
Reergui como ave sem asas,
com mãos em sangue pisado
que adubam meu sonho
na rocha tão tímida.
O eco das paisagens grita meu corpo:
sou universo em plural.
Recolhi as feridas, engoli a
saliva seca e iludida,
e me vi pairando nos vastos
palácios do mundo.
Cantarolei ventos nas pilastras
de eternidade,
regi meus olhos na orquestra
de meus passos
e dormi ao relento que vigora
nos vales de liberdade.
Venço o cansaço na roda do
contrabismo,
na essência do espelho das almas
na estrada de toda esperança,
pois na enormidade de meu tempo,
em cada topo de minha ardilosa
vontade, eu sinto fome:
a fome de um suculento e saboroso
prato chamado vida.
(outubro 2007)

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