segunda-feira, 27 de junho de 2011

Telemarketing

-Bom dia,
com quem falo, por gentileza?
Vozes em linha escalam
o tom de atendimento.
Pensam gestos e números.
Gastam gargalhadas, intenções.
Redigem o ar num mesmo
ritmo de protocolos.
Informações vagam gargantas secas,
impessoais.
Querem fugir dos segredos mais lúdicos
e não conseguem.
Nem uma letra ou vírgula,
muito menos almas
ou cantigas fáceis
são percebidas no alheio de
sussurros eletrônicos.
A vida escorre entre máquinas
involuntárias,
passos apertados,
mãos inquietas
que explodem em suspiros de vida.
No fim,
abraçam-se diferenças
na mesma oração
de despedida e alívio:
-Agradeço o contato,
tenha uma boa noite.



(junho 2011)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Confissão

" A alma se identifica quando há uma história
de dois corações.
As estrelas renascem, o espetáculo é aplaudido de pé.
A força que nos enlaça é imensa,
ultrapassa o tempo e perdura pela eternidade."

Aldinha Santos






Brindarei amor nosso em confissão
irradiando flor presente por cada dia.
Quero tê-la preciosa a completar-me
Serás brisa rara a aquietar meu coração
incerto
e tomarei assim teus sentidos perfumando
sonhos, desejos íntimos.
Contarei teus passos como canção da alma.
refaço-me rio a banhar-te lábios,
louvarei teus braços acalantando o vento.
Da ausência,
prossigo o som de toda tua forma
acolhida em mim.
Através de teus olhos,
decifro a eternidade que nos resta
bastando-me um gesto.
Amo-te como musa enamorada,
essência de minha pele,
encantamento e contemplação
do que há de perfeito no mundo.
Viveremos sempre dois corpos
numa mesma estrela,
num mesmo tempo,
numa mesma confissão.





(junho 2011)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Entre pedras, areias e poemas

Homenagem aos 70 anos do mestre Ronaldo Lima Lins



Arrancar do verbo a minuscula essência,
construir castelos que reverenciam o tempo,
ver da sabedoria o íntimo das flores
e respirar delírios.
Colher a riqueza do que é mais simples,
tecer brandura no caminhar de pedras
sentir da areia a textura em razão
e saborear o céu.
No tumulto das paixões,
o sábio sorri em mãos grisalhas.
Vai carregando o mundo em tempestades
de sonho e mais além.
Inquieta seu vigor de certezas
em gestos enternecidos.
A cada centímetro de pensar,
a revolução vibra em gotas firmes.
E aquele homem,
por sua arte e juventude,
renasce vinho nos redemoinhos de verso
que consomem seus olhos
embevecidos de
poema e amanhecer.





(junho 2011)

Comboio

Quando se calam as chuvas soturnas,
as mãos vazias enredam o tempo.
Ergue-se então o verso mais seco
rompendo a quietude viva dos jardins.
Cantem assim os ouvidos frios
pois nossas mentiras são de veludo.
Olhares mortos apenas silenciam
e descansam.
A garganta presa em lodo chora,
amarga,
como ninho imerso na clausura
de absurdos.
Sou o cinza que perdura o mofo.
O tempo exato na amargura de meus
sonhos.
Apenas o riso me acompanha tenso.
O sol move-se para dentro de minha lágrima.
E bastaria o mundo feito um grao
para que a angústia em mim
pudesse reiventar o véu
das intensidades.


(junho 2011)

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Dizem da poesia revolução. Pois ela se encontra à vista daqueles que acreditam na palavra como instrumento de mudança.