quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Recorte

Deslizam tristes almas
sobre a lágrima amargurada.
Transparece um corpo contido
ao chorar a intensidade do céu.
Flores partem-se em meus dedos.
Vão amanhecer no verso
mais confortável.
Encontrarão pelas sombras do vento
o sereno cansaço do mar.
A vida reflete-se em gotas vis
de contentamentos,
recortando suavemente meu grito
nessa eterna tentativa de reinventar
o segredo de minhas horas perdidas.
Eis que a angústia nos espera,
pacientemente,
na frieza intolerante
das eternidades.
(agosto 2010)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Breve instinto

Vem-me a boca tal vontade de tocar o céu
como voz e fogo moldando ilusões inúteis.
Que encanto há naquela ternura mal resolvida?
O que se diz nas esquinas breves de uma borboleta?
Passam-se-se horas girando mudas de canções.
Passam-se vidas recontando sinos de ninar estrelas.
A noite cruel aproxima-se ao sabor de meus olhos,
seduzindo versos na medida do impossível.
E corre o verbo nas estradas de sincrônicos medos,
pois irão saborear o tempo esmigalhado pelo esboço das flores.
Do calar morno das angústias, brotam segredos lacônicos,
fazendo-me chorar a felicidade mais distante
escondida na minha eterna vontade de tocar o céu.

(setembro 2010)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O concreto

a Rafael Lemos
De palavra
o caos
se move.
Murmura tensa
a língua
consome o verme
cimento
seduzir-se de saber
a vida
calada entranha
teu nome
recobrindo cansaço
orgia
sobrará cantares
de tormento
construir avesso
entre os dedos
rompe-se loucura
vinho
servirá poesia
e basta.
De caos
a palavra
se move.
(setembro 2010)

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