quinta-feira, 26 de abril de 2018

Quarenta

Aquela novidade envelhece
em fios brancos.
Entre um café e outro,
vinhos e amargos sonhos
anoitecem reticencias.
Não quero ser apenas
um espelho retorcido,
jogado num ventre
de um canto torpe.
Serei um miserável abismo
daquilo que me torna 
único.
Os passos lentos arranham
numa sinfonia tímida.
Horizontes não são mais 
os mesmos diante dos
olhos.
Um sorriso amarelo acena
para os anos que estão
por vir.
Serei apenas detalhe
duma eternidade preguiçosa,
que se esconde,
impiedosamente,
entre os dentes.

(abril 2018)



terça-feira, 10 de abril de 2018

Pela madrugada

Sentado à beira de uma cama insólita,
entremeando frestas e insônias,
contemplo o escuro como pânico.
A madrugada exibe segredos,
confidentes em cada lua fria.
Recolho aquilo que me aflige os passos.
Não há pensamento sórdido
sem convite à solidão.
brindo um gole de tempo, amargo,
companhia incerta para silêncios
impetuosos.
Deixo um grito esquecido na
tempestade em que me rascunho.
A claridade pousa minhas mãos
como fuga ao precipício.
Da manhã ainda resta sombra
que renasce
num cortejo de cinzas.


(novembro 2017)

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Dizem da poesia revolução. Pois ela se encontra à vista daqueles que acreditam na palavra como instrumento de mudança.