domingo, 21 de junho de 2015

Sombras de domingo

Do que me resta noite a não ser
rascunho.
Teimo a preguiça despertar o
sol seguinte.
Rezo a semana que não me contenta.
Os vultos são muitos.
A rotina enxovalha a cabeceira
de minha cama.
Os rodamoinhos seguintes
serão executados num sopro.
A resenha do dia me consome.
Ignoro meu próprio acaso.
Tenho em mim sonolentos
descasos momentâneos.
Hora de dormir em paz errônea.
A sombra de um domingo requer um
cinza cozido em fogo brando,
sem sobras para um repeteco.

(junho 2015)


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Solstício

O sol não se move.
Há um vento murmurando
a ternura de um sorriso.
Esperançosas flores de outono
colorem as almas brandas.
Os olhos se contradizem.
A paisagem corta o azul rascante
do imaginário.
Ouço um suspiro ao longe.
É apenas o tempo, recusando-se
a passar tão despercebido.
Existe em mim uma pequena vontade
de romper o mar.
A liberdade que apenas a luz acolhedora
do encanto pode oferecer.
O sol continua imóvel.
E com ele o céu,
numa felicidade esquecida,
brinda a essência num só
cortejo.
A certeza de que o dia longo,
inquestionável,
reflete as manhãs de meu breve
desejo de ser horizonte.

(junho 2015)



domingo, 7 de junho de 2015

Trâmite

transcrevo meu esboço como sobra,
cada universo responde por si:
o meu se cala.

suspiro um espelho de mim que não existe,
trafego aflição pelo alheio...
sou uma palavra inquieta.

burlo vertigem como prova cabal
de que o mundo rompe o pálido,
admito-me reverso.

cai um melancólico segredo em retinas,
um pergaminho esdrúxulo se forma
em círculos,
o entardecer harmoniza-se em sombras.

a vida é um trâmite
e eu apenas redemoinho.

(junho 2015)

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Dizem da poesia revolução. Pois ela se encontra à vista daqueles que acreditam na palavra como instrumento de mudança.