segunda-feira, 11 de maio de 2020

Ariclenes


a Lima Duarte
Meu caro,
eu te entendo.
Os sonhos corrompidos
são apenas artefatos de uma
pátria perdida.
Homens são bordados em
ruas obtusas.
Inquiete aquele ódio escondido
entre gargantas inúteis.
Precisamos renascer diariamente.
O tempo parece brincar
com nossos desejos.
Somos apenas instante.
Dessa forma,
sendo esse instante,
resistiremos.
Tornaremos imunes a
qualquer semblante
de intolerância.
Caminharemos,
em mãos dadas,
a partir de gestos que nos farão
esperança.
Por isso, meu caro,
eu te entendo.
Não deixemos que aquele
passado plúmbeo,
cheirando a versos podres,
ressurja através de mãos
banhadas à sangue.
Traremos vida em nossa arte,
como voz e catavento,
emergida numa bacia
enternecida de
horizontes.

(maio 2020)







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