segunda-feira, 27 de junho de 2011

Telemarketing

-Bom dia,
com quem falo, por gentileza?
Vozes em linha escalam
o tom de atendimento.
Pensam gestos e números.
Gastam gargalhadas, intenções.
Redigem o ar num mesmo
ritmo de protocolos.
Informações vagam gargantas secas,
impessoais.
Querem fugir dos segredos mais lúdicos
e não conseguem.
Nem uma letra ou vírgula,
muito menos almas
ou cantigas fáceis
são percebidas no alheio de
sussurros eletrônicos.
A vida escorre entre máquinas
involuntárias,
passos apertados,
mãos inquietas
que explodem em suspiros de vida.
No fim,
abraçam-se diferenças
na mesma oração
de despedida e alívio:
-Agradeço o contato,
tenha uma boa noite.



(junho 2011)

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Dizem da poesia revolução. Pois ela se encontra à vista daqueles que acreditam na palavra como instrumento de mudança.